Farense capa

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sábado, 1 de abril de 2017

Luís Afonso



"O Farense tem Neca, Livramento, Tavinho… Tem tudo para ganhar ao Louletano”

Quantos Farenses somos? - Olá, Luís. Deixou o Farense em 2012. Aos 34 anos, ainda está em actividade ou já se retirou?

Luís Afonso – Já acabei. Já chega (risos)! O horário já não dava. Sou professor de educação física e ao mesmo tempo treinador da Dragon Force em Almancil. E também coordenador de scouting do Porto no Algarve.


QFS – E continua a acompanhar o percurso do clube?

LA  Este ano não muito, porque como tenho duas equipas, jogos ao sábado e ao domingo... E também nasceu a minha filha há quatro meses, por isso não me sobra muito tempo (risos)! Só fui ver um jogo este ano, foi precisamente em casa com o Louletano na primeira volta desta segunda fase. Foi um bom jogo, as duas equipas podiam ter ganho. Felizmente ganhámos nós (risos)!


QFS – E para o jogo deste Domingo, novamente com o Louletano: acredita na vitória do Farense?

LA – Pelo que vi nesse jogo, sim, acho que o Farense tem boas hipóteses de ganhar. O Ivo (Soares, antigo jogador do Farense e actual treinador do Louletano) organiza muito bem as suas equipas, eles jogam num bloco mais baixo, mais organizados defensivamente. Mas o Farense tem jogadores muito bons tecnicamente, o Neca, o Livramento, o Tavinho… Tem tudo para ganhar.


QFS – Como viu a queda da II Liga? Estava à espera?

LA – Não, não estava. A II Liga é muito complicada, muitos jogos, muitas deslocações ao Norte… Eu queria era que o Farense subisse à I Liga! Tem todas as condições para estar lá. O que vamos vendo por aí, equipas com 500, 600 pessoas nos estádios na I Liga… O Farense é um clube com adeptos, que vão ao estádio apoiar a equipa. Para já, é acreditar que vamos conseguir subir este ano. Não está assim tão fácil, mas tudo é possível. Não podemos facilitar em casa. Vamos ter quatro jogos no São Luís, mais este no Estádio do Algarve… com os nossos adeptos, vamos acreditar que podemos conseguir.



“Fiz o passe para o Quaresma no golo que nos deu o Europeu de sub-16

QFS – O Luís é natural de Faro e foi no Farense que iniciou o seu percurso ainda em criança. Mas depois foi para o Porto…

LA – Joguei no Farense até aos iniciados, depois na passagem para os juvenis fui para o Porto. Na altura fazia-se um torneio tipo taça do Algarve, onde participavam várias selecções. Eu estava na selecção do Algarve, fiz um bom torneio e pronto. Fui com o Hugo Luz, que depois também jogou no Farense, o Maniche, que era do Louletano, e o António Costa, do Lusitano.




QFS – Acabou por atingir um sucesso enorme nas selecções jovens: campeão europeu de sub-16 e vencedor do Torneio de Toulon,  juntamente com jogadores que vieram a ser grandes nomes do futebol português!

LA  Era suplente do Custódio, do Raul Meireles, do Hugo Viana… Não era muito fácil. Eles jogavam e eu aplaudia (risos)! Mas entrei na final do Europeu de sub-16 e fiz o passe para o golo da vitória, do Quaresma (2-1 à República Checa, após prolongamento). No torneio de Toulon, o Cristiano Ronaldo já estava nessa equipa, apesar de ser mais novo. Danny, Hugo Almeida, Miguel Garcia, com quem ainda hoje falo bem…




QFS – E no Porto, ainda vai até à equipa B, onde faz duas épocas. Era opção regular?

LA  Sim, joguei bastante. Cheguei a treinar com os seniores, na altura treinados pelo Mourinho. Uma equipa fraquita (risos)!


QFS – E porque não continuou depois a ligação?

LA  Terminou o contrato e não me propuseram a renovação. Talvez tenham achado que já não ia evoluir de forma a poder um dia jogar na equipa principal, não sei.


QFS – Inicia depois um percurso por equipas do Norte na II B, até voltar para o Algarve (Imortal, em 2006/07). Nunca conseguiu actuar nos escalões profissionais…

LA – Sim, é verdade. Não voltou a haver maneira de voltar a profissional. Nos Dragões Sandinenses, joguei pouco porque tínhamos uma grande equipa, com muitos jogadores com experiência de I Liga – o médio titular na minha posição era o Figueiredo, que tinha jogado no Santa Clara e depois foi ao Mundial com Angola em 2006. Ficámos em 2º. E no Tourizense, também tínhamos boa equipa e aí já joguei mais, mas também não deu para subir.


QFS – E eis que se dá o regresso ao Farense em 2008/09, com 25 anos…

LA – Já estava aqui pelo Algarve, estava a jogar no Campinense, era treinado pelo Ivo (Soares). Conhecia o presidente (António Barão), ele convidou-me para ir para o Farense, que na altura estava prestes a subir à III Divisão, e eu disse “Ok, para o ano estou aí!” A meio da época foram logo dois ou três: o Eduardo Barão, o Edinho… Mas eu não quis deixar o Campinense a meio da época, porque foram eles que me ajudaram quando não tinha clube. E o Farense ia subir de qualquer maneira, não precisava de mim para isso (risos).


QFS – Era um objectivo seu, voltar ao clube da sua cidade e onde se formou?

LA – Sim, era um gosto que tinha, poder ajudar o meu clube a voltar a subir no futebol português.




QFS – Esse era um Farense renascido, depois de ter passado por uma descida ao abismo. Acompanhou, ainda que ao longe, esse período? E nessa altura acreditava que o clube se conseguisse voltar a reerguer?

LA – Sinceramente, não acreditava. Era uma coisa… estar lá em cima no Norte, querer ver os resultados do meu clube e ver “O quê? O meu clube não está a competir?” Não era fácil. Mas sabia que alguém tinha de pegar no clube e levá-lo para a frente. E nisso, o presidente Barão tem o mérito todo.


QFS – O objectivo da subida acaba por falhar na primeira época, mas na segunda foi conseguido!

LA – Sim, naquele jogo que ninguém esquece com o Cova da Piedade no São Luís, na última jornada. O estádio estava cheio, praí 15 mil pessoas! Foi uma loucura.


QFS – E depois, em 2010/11, nova descida no último jogo, também em casa (1-2 com o Atlético de Reguengos)…

LA – Foi uma surpresa enorme, ninguém estava à espera. Já tínhamos feito uma boa recuperação, só precisávamos do empate naquele jogo. Ao intervalo estávamos a ganhar, depois acho que até ficámos com mais um... e de repente sofremos o segundo golo (79 minutos) e descemos… Foi uma imagem difícil, jogadores a chorar no relvado, de cabeça em baixo…


QFS – O treinador era João de Deus, que entretanto tem passado pela I Liga, está agora no Nacional…

LA – É um treinador muito bom. Organizado, conhece bem os adversários, passa muito bem a mensagem. Mas aconteceram muitas coisas nessa época, o falecimento do mister (Joaquim) Sequeira… muita coisa pelo meio.



                                                  
QFS – Mas só demorou mais um ano até nova subida, essa um passeio!

LA – Tínhamos uma equipa muito forte para a III Divisão. Pituca, Caniggia, Chiquinho, Igor, Sapo, Teixeira, Eugénio…


QFS – E de repente, quando poderia voltar à II B, não fica no plantel da nova época. Porquê?

LA – Pois… Até eu gostava de saber! Fiz a pré-época toda a titular, jogámos com o Olympiacos do Leonardo Jardim, fomos fazer um amigável com o Vitória de Setúbal, depois um jogo com o Sporting B… Joguei sempre de início, e depois já a meio de Agosto o treinador (Bruno Ribeiro) chega ao pé de mim e diz “Luís, estás dispensado”. Eu nem disse nada, fiquei sem reacção… E pronto, acabou assim o meu percurso pelo Farense.




QFS – E é aí que aparece o Louletano.

LA – Quando caí em mim, pensei “Onde é que vou jogar agora?” Então, o Caniggia, que estava no Louletano, disse-me “Vem já para cá, estamos a precisar de jogadores”. E lá fui. Fomos nós e o Barão. Mas não fiquei lá muito tempo, porque na altura estava a tirar uma formação no Farense e não podia ir aos treinos todos. Eles disseram “ou a formação ou o Louletano” e eu disse “então xau!” Não me queixo deles em nada, mas eu estava a fazer uma coisa que gostava e que me ia ser importante para o futuro e optei por isso. De qualquer forma, já não tinha a mesma vontade para jogar. Ainda acabei essa época no Quarteirense, mas já tinha na ideia deixar de jogar. Mas no ano a seguir fui para o Culatrense e aí comecei a ter novamente o gosto. As pessoas da ilha sentem muito aquilo, dão tudo, sentem o clube, vão lá apoiar. Joguei lá três épocas e gostei muito.


Jogar no São Luís era um sonho de infância”

QFS – Representou o Farense durante quatro temporadas: três na III Divisão e uma na II B. Qual foi a melhor, individual e/ou colectivamente?

LA  Talvez a do mister Balela (2011/12), pela série de vitórias que tivemos. Chegámos a ser uma das equipas em Portugal com maior número de jogos sempre a ganhar. E depois o tal jogo com o Cova da Piedade. Esses foram os melhores momentos.




QFS – Quais as melhores recordações que guarda do Farense?

LA  Tanta coisa… Foram anos muito bons. Jogar naquele estádio, com os adeptos, a claque em peso… era um sonho de infância. O pessoal a fazer pressão sobre os árbitros, a ir para cima do fiscal de linha (risos)… tínhamos sempre boas casas. E cheguei a ser sub-capitão. Entrar naquele estádio com a braçadeira… É uma coisa diferente, não dá para explicar.




QFS – Para quem nunca o viu jogar, como se definiria enquanto jogador?

LA  Era médio, gostava de ter a bola, pensava o jogo. Era mais de organização, mais um 8. Bom tecnicamente, muito bom no passe. Golos nem por isso, marquei muito poucos. Era gozado por isso (risos)! Lembro-me de um no estádio do Algarve… Mas pouco mais. Mas dava muitos a marcar (risos)!

QFS - Já falámos dos grandes craques do futebol português com quem jogou no Porto e na selecção. E no Farense, quais foram os melhores jogadores com quem jogou?

LA  Caniggia e Pituca.


QFS – E treinadores? Quem mais o marcou?

LA O Vítor Pereira. Era adjunto dos juniores do Porto, o principal era o João Pinto, mas ele já estava muito à frente. Pela forma como vivia o clube, ficava doente quando perdíamos, ficava eufórico quando ganhávamos. Como falava com os jogadores… Era uma pessoa 5 estrelas. E desde então tem vindo a mostrar o seu valor, principalmente no Porto: em dois anos, foi duas vezes campeão só com uma derrota… E no Farense, talvez o mister Balela. Percebe muito de futebol, os treinos com ele são sempre a mil à hora! João de Deus pelos métodos e organização. E o Farense agora tem lá uma pessoa, o Rui Duarte, que me dizem poder vir a ser um grande treinador. Toda a gente que conheço e já trabalhou com ele gostou muito.




QFS – O Farense é o clube do seu coração?

LA  Sim, desde sempre. Está sempre presente para mim, dou tudo por aquela camisola.


QFS – Ainda mantém contacto com os colegas dos tempos no clube?

LA – Sim, estou com alguns regularmente. Ainda há dias estive com o Bruno, o grandão. Por vezes juntamo-nos, fazemos almoços ou jantares e o Farense está sempre nas conversas, claro. Lembramo-nos das viagens, dos jogos, das coisas de balneário. Como era jogar naquele estádio, com aquela gente toda a apoiar…




QFS – Para terminar, pedimos que deixe uma mensagem para os adeptos do Farense.


LA  Acreditem na subida. Tudo é possível. Continuem a apoiar sempre, nos bons e nos maus momentos. E se calhar, daqui a 3 anos estamos na I Liga!


6 comentários:

  1. Muito orgulho neste farense!!! Obrigada pelo teu contributo ao nosso Farense

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Grande Mister!!!! Como jogador não o conheci mas como treinador é fantástico.... Obrigada ��

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  4. Orgulho! Muito bom jogador, humilde,..tem tudo para ser um grande treinador!

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  5. Orgulho! Muito bom jogador, humilde,..tem tudo para ser um grande treinador!

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